Uma Xícara de Chá com Jesus

Week _ EndTexto escrito por:  Keka ou  Erica Kalinea Brito

Aos 13 anos eu sonhava em ser escritora. Àquela época eu tinha uma incentivadora fiel; ela me dava livros, revistas, via filmes comigo, compartilhava sua biblioteca que ficava dentro do seu quarto e, apesar de fazer de conta que não via que eu lia seus romances para maiores de 16 anos (quando eu tinha 14), me contava histórias sobre como tinha sido a aquisição daqueles livros que eu adorava olhar, sempre arrumados, empilhados nas estantes.

Acontece que, com a mesma velocidade que foi a partida da minha mãe, foi também embora a minha vontade de escrever. Sempre que eu iniciava uma escrita era tomada por um desânimo tão genuíno quanto antes era o desejo de fazer aquilo.

Tenho visto e lido muitas coisas sobre nossas próprias dores, nossas angústias, nossas reflexões passadas e onde cada uma delas toma um lugar no nosso presente, a ponto de nos impedirem de seguir adiante ou de nos transformarem em pessoas amarguradas.

O ponto é que sempre que eu pensava em refletir sobre minhas próprias dores e em como elas me trouxeram até os meus 43 anos, uma voz me repetia: tem muitas histórias mais marcantes que a sua; você tá fazendo drama, hein garota? Ou então: pára com isso e vai trabalhar que é o melhor que você faz.

Por muitos anos eu desejei escrever sobre como me senti, sobre a vida que tive com as minhas irmãs e sobre como, só hoje em dia, eu posso enxergar o grande milagre que foi crescer sem a presença da nossa mãe por perto.

Eu sei que é inusitado como o vento forte a morte de alguém, repentinamente, e quem vive isso sabe que esse é um fato do qual não se pode dissociar nenhum outro aspecto da sua existência. Não há tempo para falar, não há tempo para chorar, não se pode esperar por quase nada. É preciso seguir a vida; ela urra pelo seu empenho, embora todas as recordações e dores estejam sempre lá: as que foram, as que são, as que serão e a pior de todas, as que seriam!

Pois bem, a minha vontade de escrever tem voltado dia a dia e preciso concordar que, com o tempo que estou levando para fazer isso, estou absolutamente fora de forma. O certo é que, esse acesso de vontade de escrever é para dizer que a sua história é a sua marca; que a sua dor é a parte mais desafiadora da sua existência, e ela não é vã ou tola, ela é a sua força, e ainda que você não deva comparar a sua dor com outras, porque existirão sempre dores maiores, será sempre ela que te fará querer transformar seus próximos dias, todos os dias.

É certo que vou escrever sobre muitos detalhes das minhas observações do dia a dia ainda, mas há algo que preciso contar com grande escalada, porque é o resultado de quem eu sou, e preciso pular dos 14 aos 24 anos, porque foi lá que eu conheci o meu SALVADOR, JESUS!

Descubro todos os dias desses quase 20 anos de amizade com JESUS que em todas as minhas dores Ele sempre esteve lá; descubro que Ele me carregou nos braços naquele ano de 1991, não como um símbolo, pregado em uma cruz, como eu o via antigamente, mas descubro que ELE esteve comigo na escola, na faculdade, no meu casamento, nos meus partos, nos hospitais, nas minhas febres, nos meus medos, nos meus exames, na falta, na abundância, nos sorrisos dos meus filhos em seus aniversários, no afago do meu marido e no abraço apertado dele, nas despedidas com as minhas irmãs, e em todas as noites que dormimos as quatro, na mesma cama, abraçadas, assustadas, sem saber o que fazer. O meu amigo Jesus esteve nas partidas dos meus queridos entes, na morte do meu pai, e em todas as xícaras de chá que preparei para mim mesma. ELE SEMPRE ESTEVE LÁ!

Eu entendia que minha amizade com esse novo JESUS, que é novo todo dia, e que ao mesmo tempo é o mesmo desde quando O conheci, agora não tinha mais um véu que separava as salas onde eu conversava com Ele antes. Eu podia ver e ouvir a voz do meu CONSOLADOR, e isso acontece até hoje, cada vez em que eu abro a Palavra que Ele escreveu para mim e O escuto dizer:

“Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra”. Jó19.25

“Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou”. AP. 24.1

O tempo passou. Minha história seguiu. Minha vida foi construída sobre as lembranças boas e más, sobre os abraços que faltaram, o colo que não estava lá, os conselhos ausentes, mas também foi construída sobre uma esperança: “Cristo em nós, a esperança da glória”.  De modo que esse texto não é só sobre a minha dor, nem sobre a minha triste história de falta, mas sobre tudo o que vem antes: consolo, salvação, esperança. Isso, sim, é uma bela história que Deus preparou para mim, antes da fundação do mundo! É sobre isso que quero escrever para o resto da minha vida.

 

6 comentários em “Uma Xícara de Chá com Jesus

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  1. Uau!!! A história é linda, o texto é lindo, a pessoa é linda! Mas nada é mais belo do q a esperança Dela no Senhor. So Ele transforma a nossa história ! Amei! Parabéns !

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  2. Nossa!!!!! Passou um filme na minha mente, só mesmo Jesus é capaz de fazer isso , parabéns, texto lindo espero que quem o ler saiba ver o milagre de Jesus na sua vida .

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  3. Sempre achei, Keka, que você era e é diferente. É luz, é amor, é amadurecimento, é vida em Deus. Parabéns por ser vitoriosa. Por ser bela por dentro e por fora. Por ser tão especial.

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