Ensine os Mais Novos no Caminho

 

 

 

Imagine que eu envio um convite para você, sobre uma festa que farei. No convite, coloco o seguinte: “Darei uma festa, gostaria muito que você viesse. Te vejo por lá!”. Automaticamente você sabe o lugar, o horário, que tipo de festa, que roupa usar, só pelo que eu coloquei no convite? Não.

Nós precisamos de mais informações: horários, direções, endereços, mapas para chegar em algum lugar, e mesmo assim, às vezes, ainda erramos o caminho, não é?!

Crianças são assim também. Elas não nascem sabendo os caminhos que devem seguir na vida, é nosso papel ajudá-las nesse processo.

 

Muitas vezes em Provérbios, (aproximadamente 52 vezes) nós lemos a expressão “filho meu…”. Por que? Já parou para pensar?

O livro de provérbios é como um pai dando conselhos ao seu filho sobre a vida. Era parte da tradição judaica, entre o povo de Israel (e foi um mandamento do Senhor que isso fosse feito – Deuteronômio 11.19), transmitir verbalmente de pai para filho os mandamentos do Senhor para o povo, bem como todos os feitos maravilhosos que Deus havia feita na história daquele povo, para que eles não se desviassem do caminho e não se corrompessem com as nações pagãs daquela época.

Será que hoje a coisa mudou?

Se você olhar ao seu redor, vivemos em uma sociedade que tem se preocupado pouco em ensinar seus filhos. Muitos se preocupam com colégios caros, bens materiais ou celulares de última geração para seus filhos, mas não se preocupam em ensiná-los a lidar com a vida. A Bíblia nos chama a necessidade de ensinar nossas crianças sobre  e no caminho certo, a sabedoria diante da vida e das situações diversas que passamos.

Na segunda carta de Paulo a Timóteo, vemos um exemplo de um jovem que sendo ensinado desde pequeno, quando jovens, se tornou um grande homem do Senhor:

“Porque desde criança você conhece as sagradas letras, que são capazes de torná-lo sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus.” (2 Timóteo 3:15)

Crianças não nascem sabendo o que é certo e o que é errado, se não lhes dermos as direções da palavra de Deus, alguém o fará com as direções de alguma ideologia ou filosofia de vida.

Há um detalhe bem importante que precisa ser observado, quando falamos sobre educação de filhos. Esses dias, conversando com a Psicóloga Ana Gandour,¹ ela me disse que da mesma maneira como fazemos cursos para uma profissão, arte, música, é necessário que entendamos que precisamos APRENDER a ser pais e mães. Isso me marcou bastante, e nos leva a refletir sobre o quanto temos nos empenhado como pais, avós, tios para conhecer as verdades das escrituras, a fim de sermos capazes de repassar essas verdades aos nossos pequeninos.

Provérbios nos adverte:

“Instrua a criança segundo os objetivos que você tem para ela, e mesmo com o passar dos anos não se desviará deles.” (Provérbios 22:6)

Duas coisas importantes sobre esse versículo:

Primeiro – Nesse provérbio a palavra no hebraico, traduzida na NVI como INSTRUIR, é khä·nak (chanak) significa: TREINAR, DEDICAR, INAUGURAR. Ou seja, será custoso e dará trabalho instruir a criança no caminho certo, mas é nosso dever. Devemos correr contra ao tempo, e desde muito pequeno acostumar nossas crianças com a fé no evangelho.

  • Treinar, como um treinador treina seus esportistas. Buscando ter um jogador de ponta, é preciso prática e repetições para seu melhor condicionamento. Assim a criança também.
  • Dedicar indica que horas precisam ser reservadas para isso. “Não é quando der tempo”, é uma prioridade visando o futuro daquela criança. Devemos tirar tempo para brincar com nossos filhos, mas devemos tirar tempo para instrui-los também. Contar as histórias bíblicas, etc. Tempo para repreender quando ele fizer algo errado.
  • Inaugurar tem a ver com aquilo que deve ser o primeiro contato da crianças. O que ela escuta dos pais, os sentimentos que a rodeiam… Sejam brigas ou boas músicas. É importante que Deus seja uma das primeiras noções que a criança tenha,  contato do amor e paternidade de Deus.

Segundo: a segunda parte desse versículo que diz “e mesmo com o passar dos anos não se desviará deles” NÃO se trata de uma promessa. Muitas mães e pais têm se sentido culpados pelo abandono da fé de seus filhos, apesar de todo empenho em instrui-los na verdade do evangelho. Aqui o texto no leva a ideia de que é muito mais fácil instruir uma criança do que um adulto. Seria uma maior possibilidade, mais uma precaução e não uma promessa².

Quando no texto aparece “não se desviará dele”, aqui a palavra hebraica é sür (cuwr) e pode ser entendida como: não pode ser removido. Independente das escolhas que farão, a instrução que foi recebida está com eles, e isso ninguém poderá tirar deles, os acompanhará e é capaz de dar frutos que os façam voltar aos caminhos do Senhor.

Façamos a nossa parte, isso tira de nós a responsabilidade de escolhas ruins que nossos filhos venham a fazer no futuro. Pior do que um filho fazer escolhas ruins, é saber que como pai e mãe, cooperamos com essas escolhas.

 

Um artigo chamado “Há uma tragédia silenciosa em nossas casas”³, nos traz alguns dados interessantes sobre os últimos 15 anos:

“• 1 em cada 5 crianças tem problemas de saúde mental;

  • um aumento de 43% no TDAH foi observado;
  • um aumento de 37% na depressão adolescente foi observado;
  • um aumento de 200% na taxa de suicídio foi observado em crianças de 10 a 14 anos.

O que está acontecendo e o que estamos fazendo de errado?

As crianças de hoje estão sendo estimuladas e superdimensionadas com objetos materiais, mas são privadas dos conceitos básicos de uma infância saudável, tais como:

  • pais emocionalmente disponíveis;
  • limites claramente definidos;
  • responsabilidades;
  • nutrição equilibrada e sono adequado;
  • movimento em geral, mas especialmente ao ar livre;
  • jogo criativo, interação social, oportunidades de jogo não estruturadas e espaços para o tédio.

Em contraste, nos últimos anos as crianças foram preenchidas com:

  • pais digitalmente distraídos;
  • pais indulgentes e permissivos que deixam as crianças “governarem o mundo” e sem quem estabeleça as regras;
  • um sentido de direito, de obter tudo sem merecê-lo ou ser responsável por obtê-lo;
  • sono inadequado e nutrição desequilibrada;
  • um estilo de vida sedentário;
  • estimulação sem fim, armas tecnológicas, gratificação instantânea e ausência de momentos chatos.”

 

O que esse artigo enfatiza, ainda mais, é a necessidade de dedicação real dos pais as verdadeiras necessidades dos filhos, eles precisam aprender sobre a vida real, sobre a fé real, sobre Jesus e o evangelho serem reais.

Desafio da Semana:

Use provérbios como um manual para aprendizagem desse papel de pai e mãe na vida de seu filho. Tire tempo para contar as histórias da bíblia para ele, coloque como prioridade na sua vida tempo de qualidade com seus filhos. Isso é impagável.

 

 

Saiba mais:

 ¹ Dra. Ana Amalia Gandour é psicanalista, e tem se dedicado no auxilio de pais sobre a educação de seus filhos, numa perspectiva clínica e bíblica. Você pode acompanhar ela no Instagram @anagandour

² Exemplo equivalente no caso do fiador em Pv. 11.15: “Quem serve de fiador certamente sofrerá, mas quem se nega a fazê-lo está seguro.” Um conselho é diferente de uma promessa. Por exemplo nesse caso do fiador: ser um fiador não é pecado, não é isso que o provérbios quer transmitir. O sábio aqui diz que melhor seria não ser fiador, mas caso alguém seja um fiador, terá de saber que algo poderá dar errado e ter de arcar com uma dívida.

³ Artigo completo: https://cipave.rs.gov.br/upload/arquivos/201809/18133541-ha-uma-trage-dia-silenciosa-em-nossas-casas.pdf

 

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